domingo, 20 de agosto de 2017

Bitcoin e o novo “bug do milênio”: o pânico coletivo no mundo da tecnologia

Ola! Uma nova matéria de 19-08-2017: 
Nota do autor: esse texto foi escrito em julho, no auge da forte correção que levou o bitcoin a cair de 2.500 para 1.800 dólares. Como na época ainda havia a incerteza sobre a implementação do SegWit, muitas pessoas afirmaram que o bitcoin iria “morrer” mais uma vez, podendo chegar a cair para 1.000 dólares e muito mais boatos.

Hoje, menos de um mês depois, não apenas a cotação da moeda se recuperou, como atingiu máximas históricas, passando dos US$ 4.000 dólares. Sendo assim, esse texto adquire um caráter ainda mais atual.
Nos últimos dias, muita gente foi surpreendida por uma queda maciça nas cotações das criptomoedas. O bitcoin, por exemplo, chegou a cair cerca de 25% em poucos dias, alcançando valores abaixo dos 2.000 dólares. Tal queda foi resultado do momento de tensão e incerteza que rodeia a moeda, devido
aos debates sobre a forma de implementação do Segregate Witness (SegWit), especialmente sobre se isso será feito sem o aumento do tamanho do bloco (BIP141) ou com um possível hard fork para o aumento do bloco daqui a 3 meses (BIP91, também conhecido como SegWit2x). Parte da queda também se deveu ao fato de os desenvolvedores do SegWit2x terem entregado o código com atraso, o que pode ter levantado suspeitas sobre o desempenho do mesmo.

Não é objetivo deste artigo dissertar sobre o SegWit e seus efeitos (para saber mais sobre isso, recomendo este artigo e este). O meu objetivo é falar mais sobre a queda do preço e o pânico coletivo que tal debate está causando em muitas pessoas.

A “morte” do bitcoin
Imediatamente após a queda registrada no preço do bitcoin, diversos “especialistas” vieram a tona para falar – mais uma vez – que o bitcoin estava condenado a cair; que era um investimento instável, uma “bolha”, algo especulativo e sem valor, e que não recomendavam investir.

De fato, a anunciada “morte” do bitcoin não é algo que seja considerado novidade para quem já utiliza a moeda há algum tempo. O assunto é tão debatido que até mesmo um site mostrando os obituários do bitcoin desde o seu surgimento. O site traz notícias, artigos e vários materiais mostrando as vezes em que o bitcoin foi desacreditado na mídia e, também, as vezes que ele voltou a chamar a atenção positivamente. Portanto, quedas abruptas no preço são bastante comuns, assim como os rumores sobre o fim da tecnologia. Eles apenas ficaram mais pronunciados devido ao debate sobre a implementação do SegWit.

E isso levou muitas pessoas que entraram recentemente comprando bitcoins a se desesperarem com uma queda tão forte. Afinal, parecia que o ativo iria despencar de preço sem parar. Muitos simplesmente não suportaram a pressão da queda e venderam, principalmente quando o ativo caiu abaixo dos 2.000 dólares. Isso, para quem comprou na cotação máxima antes do pânico – cerca de 2.600 – representou uma perda enorme. Simplesmente movida pelo pânico: afinal, o bitcoin não apenas não morreu, como também já se recuperou de parte das perdas e está cotado a mais de 4.000 dólares.

Bitcoin e o “bug do milênio”:
Apesar de muitos se espantarem com esse comportamento de venda aparentemente sem sentido – especialmente quem faz “hold” de bitcoin não costuma criar pânico nessa situação – ele é fruto de algo que não costuma ser raro no mundo da tecnologia: o pânico.

Dois desses episódios são particularmente marcantes: a bolha das empresas “pontocom” nos anos 2000, e o episódio do “bug do milênio”, ocorrido durante a virada do milênio. Ambos mostraram determinados comportamentos de pânico e apreensão exagerados com um contexto específico, mas que levou as pessoas a ficarem descrentes sobre a tecnologia como um todo. Vamos a cada um deles:

1) a bolha “pontocom” e o fim da internet
A bolha das empresas de tecnologia começou ainda nos anos 1990, mais especificamente em 1995. Naquela época, a internet – tecnologia que hoje é fundamental na vida de qualquer pessoa – ainda engatinhava e era restrita a grupos de “nerds” e visionários, exatamente como o bitcoin é visto hoje.

Nesse período, começaram a surgir diversas empresas de tecnologia. Praticamente toda semana surgia alguma empresa nova, com algum produto “inovador”, que facilmente conseguia abrir o seu capital na NASDAQ, a bolsa de tecnologia dos Estados Unidos. Milhares de pessoas ficaram ricas ou fizeram um grande dinheiro investindo em ações dessas empresas.

A farra, no entanto, acabou em 2000. Depois de atingir um recorde de 5.000 mil pontos, o índice da NASDAQ rapidamente despencou, em 10 de março de 2000. Muitas empresas simplesmente quebraram, vendo o valor de suas ações despencarem na bolsa. O pânico se instalou no mercado. Muitos culparam a internet em si por toda a quebradeira, ao invés da especulação irrefreada e do papel do governo ao alimentar essa bolha durante anos. A internet foi vista como um ambiente sem lei, uma terra de ninguém que tinha pouquíssimas chances de prosperar, e na qual ninguém deveria investir.

Hoje, ainda reclamamos da internet – mas agora, reclamamos que ela está muito lenta para vermos a Netflix, ou que ela caiu e não podemos trabalhar direito. Praticamente ninguém vive sem essa inovadora tecnologia.

2) o “bug do milênio” e o fim do mundo
A bolha da internet foi catastrófica e gerou muitas perdas financeiras. Mas nem de longe alcançou o nível de pânico do maior episódio coletivo da história da tecnologia: o problema do ano 2000, mais conhecido como Bug do Milênio.

O problema se devia à configuração do formato de datas em vários sistemas usados por computadores no mundo inteiro. Devidos as limitadas capacidades de memória da época, os sistemas reconheciam as datas apenas com seis dígitos ao invés de oito. Assim, a data 02/08/1989 era reconhecida pelos computadores como 02/08/89, onde o sistema presumia que os dois números iniciais do ano era 19.
Esse sistema funcionou relativamente bem, até a proximidade com a virada do milênio. Pois havia o temor de que ao chegar ao ano 2000, os computadores reconhecessem a data como 01/01/1900 ao invés de 01/01/2000, uma vez que os sistemas não mudariam o 19 para 20. Apesar de sistemas mais modernos não terem esse problema, os antigos computadores usados na época ainda tinham – e eles eram usados por importantes órgãos, como bancos de dados, governos e sistemas bancários.

Inicialmente, o temor era de um colapso no sistema financeiro. Aplicações com juros negativos, quebras financeiras, contas bancárias emitidas com juros de 100 anos de atraso eram algumas das consequências temidas pela ocorrência do bug. Aos poucos, porém, o pânico deu lugar a teorias simplesmente absurdas, como a de que aviões cairiam em pleno ar, silos de mísseis nucleares seriam hackeados e disparariam as ogivas, destruindo o mundo, e blecautes no sistema elétrico fariam o mundo retornar para a Idade Média.

Tal pânico levou a um maciço investimento em tecnologias de melhorias desses sistemas para supostamente impedir o bug, o que levou a vultosas somas de dinheiro sendo gastas e repassadas para empresas de tecnologia, especialmente por parte de governos.

Eis que chegamos na virada do milênio e… nada ocorreu! O devastador bug, que prometia destruir sistemas inteiros, passou praticamente inócuo. Com exceção de alguns sistemas de metrôs que registraram datas erradas, nada de mais sério ocorreu. Silos de mísseis ficaram intactos, os sistemas de eletricidade funcionavam perfeitamente, e nenhuma aplicação bancária foi perdida ou dizimada por juros negativos.

Hoje, para muitos, o bug do milênio não passa de um episódio de pânico coletivo ou uma teoria da conspiração de curiosos.

Analise os fundamentos, sempre
Assim como esses dois episódios, o debate atual sobre o bitcoin – e o pânico gerado nos últimos dias – tem mais aspectos de histeria do que fundamentos sérios para uma maior preocupação. A comunidade já parece sinalizar pela implementação da tecnologia do SegWit, o que diminuiu parte das incertezas e contribuiu para a recuperação do preço da moeda.

Isso ocorreu porque embora a incerteza esteja presente, os fundamentos principais do bitcoin ainda continuam sólidos e robustos. A moeda continua com a sua emissão controlada. O blockchain, banco de dados do bitcoin, continua operando de forma segura e, até o momento, inviolável. As transações da rede continuam sendo auditadas de forma clara e transparente, e o bitcoin ainda é a forma mais segura e barata de realizar transações internacionais, mesmo com o aumento das taxas.

Com o aumento da possibilidade de crises mundiais envolvendo as principais economias do mundo, torna-se maior a procura por portos seguros. Pessoas do mundo inteiro irão buscar formas seguras de proteger a sua riqueza e patrimônio – e pagarão muito bem por este serviço. O bitcoin ainda é o ativo mais seguro, prático e barato de manter reserva de valor, e a implementação do SegWit o tornará ainda mais eficiente para isso.
Assim como a bolha da internet não acabou com a internet em si, e o bug do milênio não acabou com o uso dos computadores, o debate atual não irá destruir o bitcoin.


Oportunidade de compra
Então, o que fazer enquanto as baixas na cotação da moeda continuarem – SE continuarem?
Eu, pessoalmente, sou a favor de fazer o mesmo que Warren Buffett faz com as empresas que escolhe: o preço de um ativo com bons fundamentos está barato ou em queda livre? Então é hora de comprar mais ações. No caso, mais bitcoins.

Grandes investidores sempre compram ativos de qualidade quando estão baratos ou com preço em queda. Como diz o próprio Buffett: “preço é o que você paga. Valor é o que você recebe”. Um ativo com o valor potencial do bitcoin, vendido com 25% de “desconto” é uma excelente oportunidade de entrada visando o longo prazo.

Contudo, o principal aspecto a ser levado aqui é não vender apenas porque o mercado está em uma breve tendência de queda. Se a queda é forte, porém os fundamentos de mercado ou do ativo se mantém intactos, esta é uma grande oportunidade de compra e não de venda. Especialmente para o investidor focado no longo prazo.

PS: ISSO NÃO É UMA RECOMENDAÇÃO DE INVESTIMENTO. Tal pensamento reflete a minha posição pessoal sobre o bitcoin, uma vez que acredito no potencial da tecnologia e da moeda. Se você deseja seguir a minha posição, o faça por conta e risco. Mas nunca invista em algo que você não conhece a fundo e, principalmente, não invista uma quantia em dinheiro que você não possa perder.

Conclusão
Momentos de pânicos no mundo da tecnologia podem ser raros, mas existem. Por ser uma área de inovações constantes e em ritmo acelerado, é mais difícil para o grande público acompanhar as inovações e dar crédito – ou mesmo entender todas elas.
Em momentos de queda de mercados, devemos ficar sempre atentos a alteração dos fundamentos de determinado produto ou mercado. Uma forte queda de preço sem alteração dos fundamentos geralmente significa uma excelente oportunidade de compra no longo prazo.

Em toda crise ou queda existem os vencedores e perdedores. Os imediatistas de curto prazo ou os incautos geralmente ficam no segundo grupo. Cabe a nós termos a paciência e sangue-frio de permanecer no primeiro.

FONTE:
https://www.criptomoedasfacil.com/bitcoin-e-o-novo-bug-do-milenio-o-panico-coletivo-no-mundo-da-tecnologia/



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Cotação AO VIVO